Quinta-feira, 7 de Fevereiro de 2008

Doença ou Loucura? Entender a Esquizofrenia

 
A esquizofrenia desde sempre tem sido entendida pela população como sinónimo de loucura e doença incurável.
Trata-se de uma doença mental, provavelmente a mais angustiante e incapacitante de todas.
Caracteriza-se por uma ampla desorganização dos processos mentais. Reveste-se de um quadro complexo que abarca um conjunto de sintomas, entre os quais se verificam alterações do pensamento, delírios, alucinações e embotamento afectivo. Há uma perda de contacto com a realidade, podendo mesmo causar um disfuncionamento social crónico.
Actualmente é encarada como um grupo de patologias, passível de atingir todos os estratos sociais, cometendo 1 em cada 100 indivíduos.
Os primeiros sinais aparecem tipicamente na adolescência ou início da idade adulta (entre 15-25 anos de idade), sendo comum tanto em homens como em mulheres. No entanto, enquanto que no sexo masculino a doença surge com mais frequência entre os 16-25 anos, a maioria das pessoas do sexo feminino desenvolve os primeiros sintomas entre os 25-30 anos de idade.
Embora esta seja uma doença que afecte principalmente o funcionamento cognitivo, surte também efeitos de âmbito afectivo e comportamental.
Os sintomas não são os mesmos de sujeito para sujeito, pelo que podem surgir de forma gradual e insidiosa, ou instantânea e explosiva. Geralmente manifesta-se por crises agudas com sintomatologia intensa, intercaladas com períodos de remissão (abrandamento dos sintomas).
Sabe-se que não existe uma causa única que explique a doença. Os autores defendem origens genéticas (vários genes podem estar envolvidos, associando-se a factores ambientais que fazem eclodir a doença), neurobiológicas (alterações bioquímicas e estruturais no cérebro), de relação precoce (ausência de relações interpessoais satisfatórias na infância), ou relações familiares (estrutura familiar com mães esquizofrenogénicas). A hipótese mais aceite é que se apresente uma etiologia multifactorial para a doença.
Os programas de tratamento mais adoptados incluem uma intervenção organizada que implica farmacologia, assistência individual, grupal e familiar. Estudos indicam que a combinação de diversas estratégias de tratamento permite diminuir a ocorrência de recaídas.
Não obstante, a família é um elemento muito importante no processo de tratamento, reabilitação e reinserção social do familiar que sofre de esquizofrenia. Deve estar preparada para surgirem recaídas ao longo do tempo, devendo prestar sempre um apoio incondicional ao doente. É importante que se tente colocar no ponto de vista dele, de forma a o entender melhor nos momentos de crise.
O controle da doença está ligado à precocidade com que se estabelece o diagnóstico. Quanto mais tarde este for feito, pior é a evolução da doença porque há determinados mecanismos que se estruturam e solidificam, sendo, portanto, mais difícil modificá-los. Por outro lado, sabe-se que quanto mais precoce for o seu aparecimento, mais complexo será de tratar.
A maioria das pessoas com esquizofrenia sofrem ao longo da vida.
Como consequência da falta de compreensão pública em relação à doença, estes indivíduos sentem-se isolados e estigmatizados, podendo manifestar relutância em falar acerca da sua enfermidade. Ainda que os tratamentos tenham trazido melhoria da qualidade de vida a estas pessoas, actualmente só se pode dizer que 1 em cada 5 fica recuperada. Investigações indicam que 1 em cada 10 chega a cometer suicídio.
Por tudo isso, o acompanhamento do doente por técnicos de saúde mental ao longo da vida é uma condição fundamental para o seu funcionamento dentro dos parâmetros da normalidade.
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