A pedofilia trata-se de um tipo de violência sexual que ocorre entre 2 pessoas, da qual faz parte um menor e um adulto que perpetua o acto.
No abuso sexual de menores, o adulto utiliza a criança para sua gratificação sexual, sem haver consentimento da mesma. O perpetuador serve-se da sua posição de autoridade para praticar estes actos.
Considera-se abuso sexual qualquer exposição, toque sexual, penetração oral ou vaginal. Este pode ainda ser físico (violento ou não violento) ou não físico.
O abuso sexual físico não violento diz respeito a carícias nos órgãos genitais do menor, e ao acto sexual praticado com o consentimento da criança. Por sua vez, o abuso sexual violento caracteriza-se pela violação ou prática de qualquer acto de índole física, realizado sem o consentimento do menor.
O abuso sexual não físico é referente a práticas de exibicionismo (mostrar filmes ou fotografias pornográficas, exibir os órgãos genitais ou fazer qualquer tipo de comentários obscenos), voyerismo (olhar e espreitar por entre portas e janelas, violando a privacidade) ou pornografia infantil (filmar ou fotografar crianças nuas).
Sob o ponto de vista patológico, a pedofilia considera-se uma perversão sexual, isto é, uma estrutura psicopatológica caracterizada por desvios do objecto e finalidades sexuais. A pessoa sente-se atraída por aquilo que é pessoal ou socialmente proibido. Trata-se de uma parafilia (doença do foro sexual) em que há uma constância de fantasias e desejos sexuais específicos com crianças.
A maioria dos pedófilos são homens, e ao contrário do que se possa pensar, a escolha da vítima não é pré-determinada. É movida por aspectos inconscientes e relaciona-se com a história de vida do agressor, como por exemplo, traumas e fantasias sexuais. Há também quem tenha passado por privações sociais e parentais na infância, ou mesmo sofrido abusos sexuais enquanto pequeno.
Alguns autores consideram que no caso de investidas sexuais entre adolescentes, há que observar pelo menos 5 anos de diferença entre os 2 agentes. Porém, é imprescindível uma avaliação específica de cada situação, não devendo, à partida, o adolescente mais velho ser caracterizado como detentor de um transtorno psicossexual.
A maioria dos pedófilos procura relacionar-se pessoal e profissionalmente com as crianças, sendo uma larga percentagem (60-70%) constituída por familiares.
O agressor aparece à criança como seu ‘salvador’, como alguém que a quer proteger, cativando-a com a sedução de quem a conhece bem. Começa em geral por partilhar um segredo, e assim traz a criança para a sua esfera privada. Depois chama-a a participar na sua perversão sexual, e nunca chega a admitir que a criança está a ser alvo de um crime.
A recuperação da vítima é muito difícil e prolongada, sendo necessária a intervenção de um terapeuta especializado. É premente que se inicie a intervenção o mais precocemente possível, sob pena do desenvolvimento de perturbações irreversíveis.
É inegável o bloqueio de uma vivência interpessoal satisfatória em qualquer que seja a idade em que a vítima é abusada. Não só a esfera individual é afectada, como todos os sistemas em relação com o sujeito. Por isso, o tratamento implica a associação de uma série de elementos, que vão desta a família, à inclusão e participação na sociedade.